sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Mito de Caverna - Capitulo 2: Um mundo sensível & um mundo intelegível - Hellblazer


         Como já visto anteriormente, no tópico sobre o mito da caverna, onde se um dos indivíduos caso conseguisse se soltar das correntes para contemplar à luz do dia os verdadeiros objetos, ao regressar, relatando o que viu aos seus antigos companheiros, esses o tomaria por louco e não acreditariam em suas palavras.
         A análise do mito pode ser feita pelo menos sob dois pontos de vista: o epistemológico (relativo ao conhecimento) e o político ( relativo ao poder).
         Do ponto de vista epistemológico, o mito da caverna é uma alegoria das duas principais formas de conhecimento, a sensível e a intelectual: na teoria das idéias, Platão distingue o mundo sensível, dos fenômenos, e o mundo inteligível, das idéias.
        O mundo sensível, que percebemos pelos sentidos, é o mundo da multiplicidade, do movimento, e é ilusório, pura sombra do verdadeiro mundo. Por exemplo, mesmo que existam inúmeras abelhas dos mais variados tipos, a idéia de abelha deve ser uma, imutável, a verdadeira realidade. Dessa forma, Platão se aproxima do instrumental teórico de Parmênides e, aliando-o aos ensinamentos de Sócrates, elabora uma teoria original. Do seu mestre aproveita a noção nova de logos, e ao continuar o processo de compreensão do real, cria a palavra idéia (eidos), para referir-se à intuição intelectual, distinta da intuição sensível.
       Portanto, acima do ilusório mundo sensível, há o mundo das idéias gerais, das essências imutáveis, que atingimos pela contemplação e pela depuração dos enganos dos sentidos. Como as idéias são a única verdade, o mundo dos fenômenos só existe na medida em que participa do mundo das idéias, do qual é apenas sombra ou cópia. Por exemplo, um cavalo só é cavalo enquanto participa da idéia de “cavalo em si”. Trata-se da teoria da participação, mais tarde duramente criticada por Aristóteles.
   Para Platão, há uma dialética que fará a alma elevar-se das coisas múltiplas e mutáveis às idéias unas e imutáveis. As idéias gerais são hierarquizadas, e no topo delas está a idéia do Bem, a mais alta em perfeição e a mais geral de todas: os seres e as coisas não existem senão enquanto participam do Bem. E o Bem supremo é também a Suprema Beleza. É o Deus de Platão.
   Como é possível ultrapassar o mundo das aparências ilusórias? Platão supõe que o puro espírito já teria contemplado o mundo das idéias, mas tudo esquece quando se degrada ao se tornar prisioneiro do corpo, considerado o “tumulo da alma”. Pela teoria da reminiscência, Platão explica como os sentidos se constituem apenas na ocasião para na alma as lembranças adormecidas. Em outras palavras conhecer é lembrar. No diálogo Menon, Platão descreve como, ao examinar figuras sensíveis que lhe são oferecidas, um escravo é induzido a “lembrar-se” das idéias e a descobrir uma verdadeira geométrica.




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