quinta-feira, 22 de setembro de 2011

SÍNTESE DAS OBRAS DO FILÓSOFO GREGO PLATÃO - CAPÍTULO 1

         

        As obras de Platão representam um monumento filosófico de valor eterno, tanto que ainda hoje, gozam de uma grande pertinência. As questões apresentadas dizem respeito à conduta ética e política dos atenienses, bem como ao seu comportamento, tanto como indivíduos quanto em sociedade. Em comum, todos os escritos platônicos têm como finalidade a busca pela verdade por meio da dialética.
        Na maioria dos diálogos, a figura central é Sócrates, que interroga, argumenta e discute com vários personagens, como sofistas ou figuras que representam a estrutura da cidade. Alguns foram dedicados exclusivamente ao mestre, já que mostram o processo contra ele e sua defesa no tribunal (apologia), sua permanência na prisão (Críton) e os últimos momentos, antes de beber cicuta (Fédon).
        Ao todo, a coleção de obras de Platão, tem 35 diálogos escritos em quatro períodos distintos (da juventude – antes de Sócrates morrer -, da transição, da maturidade e da velhice) e 13 cartas: 
  • ·         Alcibíades (Primeiro) – Trata da doutrina socrática do autoconhecimento
  • ·         Alcibíades (Segundo) – Trata do conhecimento.
             Nesses dois diálogos citados, Platão relata o que teria sido a tentativa de Sócrates de exercer influência sobre o jovem ateniense Alcebíades, já que por meio da dialética, sabia subjugar intelectualmente os seus adversários.
  • ·         Apologia de Sócrates – Relata o discurso de defesa de Sócrates no tribunal de Atenas:
        O  mestre de Platão foi condenado em 399 a.C. O tribunal que presidiu o caso se constituiu por 501 cidadãos. Apesar  da acusação recair sobre o ateísmo e a corrupção de jovens por meio da filosofia, percebe-se que as ambas alegações encobriam ressentimentos profundos contra Sócrates, por parte dos poderosos da época, entre eles, Ânito, Meleto e Lícon. Os três assumiram o papel dos acusadores do filósofo.
  • ·         Cármides – Diálogo ético:
        Antes de apresentar os fundamentos de sua ética nos livros centrais da República, Platão já os preparava nos diálogos primitivos quando concebe a felicidade como fim último da ação moral e o agathon (princípio supremo) como conceito universal. Portanto, para ele a felicidade depende da ciência do bem e do mal( to agathon kai kakon) em todas as coisas. O objeto desta ciência (episteme) é universal: o eu da moral é algo de incomensurável com o eu da ação técnica. No diálogo Cármides, por exemplo, Platão chegou à conclusão de que a ciência que proporciona a felicidade não pode ser a mesma ciência utilizada pelos arquitetos ou sapateiros. Dessa forma, como a ciência real ou política não poderia ser um objeto definido, Cármides dizia que este objeto é simplesmente fazer o bem e o mal.
  • ·         O Banquete - Trata da origem, as diferentes manifestações e o significado do amor sensual
  • ·         Clítofon -  Trata da virtude:
Considerado por muitos especialistas como um diálogo pseudoplatônico, nele Sócrates e Clitofon debatem filosoficamente o conceito da virtude, cada qual defendendo sua posição. Partindo do princípio que diz que a justiça consiste em fazer o bem, o tema enfoca o homem justo que nunca poderia fazer mal a outro, já que ele deve procurar o bem e ser útil a todo mundo, para alcançar a soberana Verdade.

  • ·         Crátilo – Trata da natureza dos nomes: 
Diálogo com profundas implicações do pensamento lingüístico platônico, onde há uma discussão entre Hermógenes e Sócrates, em que as posições se confrontam quanto á questão do fundamento da linguagem.
  • ·         Crítias – Diálogo inacabado, no qual Platão narra o mito de Atlântida por meio de Crítias ( seu avô).
  • ·         Críton – Diálogo que trata da justiça:
Nesse diálogo, Críton tenta convencer Sócrates, de quem é discípulo, a fugir da execução de sua sentença de morte. Sócrates discorda e reafirma que sente que deve seguir a razão por julgar o mais concreto, mesmo que isso o leve a morte. No texto há um forte debate acerca da justiça, da doxa (opinião popular) e episteme, pelo qual, Sócrates defende a posição da razão frente ao discurso do povo (representado por Críton) que numa primeira análise pode ser dividido em duas partes, de acordo com o interlocutor de Sócrates: Hermógenes, seu discípulo, e Crátilo, pensador de vertente heraclitiana. O primeiro participa com Sócrates na maior parte
  • ·         Eutrifon – Trata dos conceitos de piedade e impiedade
  • ·         Fedro – Trata da retórica e do amor sensual;
Diálogo entre Sócrates e Fedro sobre a retórica de genuína arte de falar, que se deve basear na filosofia. Como para Platão, a retórica é um dom de Eros, para a boa compreensão da conversa, o filosofo grego trata de expor a sua teoria sobre o amor.
·          Górgias -  Trata do verdadeiro filósofo em oposição aos sofistas:
Essa obra traz, inicialmente, a Retórica, tanto como função quanto como deve ser usada, contrapondo seu uso habitual, a dos sofistas, representados por Górgias, Polo e Cálices, com uma nova visão, a do filosofo Sócrates, que conclui que ela é inútil e imoral.  Sócrates ao iniciar um debate com Górgias
, o induz em contradição, levando-o a dizer que a Retórica, a arte dos discursos políticos que tem como objeto a justiça, pode ser usada de foram errada e, ao mesmo tempo, que todos aqueles que a aprendem são incapazes de cometer qualquer ato injusto. Perante esta contradição, surge Polo, discípulo de Górgias, que defende o seu mestre e a sua Arte, afirmando que esta é a mais bela das artes.
  • ·         Hípias (maior) – Discussão estética entre Sócrates e o sofistas Hípias de Elis:
  • ·         Hípias (menor) – Trata do agir humano:
Como em todos os diálogos ditos socráticos, em Hípias Menor ocorre a discussão dialética, entre Sócrates e o ilustre sofista Hípias de Elis. O ponto de partida da discussão é a questão da mentira, que visa de acordo com Platão, a fundamentação da ideia socrática capital segundo a qual não se pode cometer o mal senão por ignorância.

  • ·           Íon – Trata de poesia;
Esse diálogo, bastante curto se comparado aos demais, relata a conversa de Sócrates e íon de Éfeso, um rapsodo muito conhecido em Atenas, que ao contrário dos aedos, declamava e recitava versos que não eram de sua própria autoria nos concursos das numerosas festas e solenidades religiosas da póleis gregas.
  • ·         Laques  – Trata da coragem:
Nesse diálogo, questiona-se a educação, a partir da ciência dos estudos e exercícios que mais lhes convém. Sócrates é abordado por país de jovens que querem saber quais os melhores meios de desenvolver as faculdades morais e físicas dos seus filhos. Ele lhes mostra que a vantagem da educação é de fazer nascer à virtude na alma das crianças. No entanto, também demonstrar que para fazê-la nascer é necessário possuí-la ou pelo menos conhecê-la.
  • ·         Leis – Aborda vários temas da esfera política e jurídica:
Esse diálogo inacabado, provavelmente o último escrito por Platão, é bastante longo e muito complexo. Nele, o Estado ideal é fundado é fundado na ilha de Creta, através de uma construção mental denominada Magnesia. Se na República o filósofo ateniense entendia que a palavra do rei-filósofo poderia ser considerada justa e a melhor expressão das leis, em Magnesia ele vê as leis escritas como algo de sumo importância, sobretudo devido ao conteúdo educativo. Na obra, segundo Platão, o espírito de uma lei deve envolver a alma do cidadão como verdadeiro ethos, para fazer com que o respeito seja dado em função do papel que essa mesma lei cumpre no aprimoramento da coesão social e não em função do temor com relação às punições que prescreve.
  • ·         Lísis – Trata da amizade e do amor:
  • ·         Menêxeno – Elogio da morte no campo de batalha;
Nesse diálogo, o personagem Menêxeno satiriza a retórica, por meio de uma oração fúnebre dedicada à esposa de Péricles, que assume um tom um tanto irônico.
  • ·         Menon – Trata do ensino da virtude:
Considerado um dos diálogos menores de Platão, nele Sócrates conversa com o estudante Mênon, que quer de sua opinião sobre o aprendizado. Como Platão propõe, por intermédio de Sócrates, que nada aprendemos, mas apenas nos recordamos de conceitos que já trazemos impressos em nossa alma, ele passa a demonstrar essa afirmação usando conceitos matemáticos.
  • ·         Parmênides – Trata da ontologia. É neste diálogo que o jovem Sócrates defende a teoria das formas que é duramente criticada por Parmênides:
Em Parmênides há a narração um acontecimento provavelmente fictício, mas não historicamente impossível: um debate que opões o jovem Sócrates a Zenão e a seu mestre Parmênides.
  • ·         Político – Trata do perfil do homem político: 
Texto platônico que apresenta a exegese do grande mito cósmico do Político e que tem o intuito de demonstrar que a representação da historicidade humana, alegoricamente elaborada por Platão, ilustra e antecipa, em um registro simbólico, algumas das soluções teóricas exploradas pelo diálogo, que em sua conclusão se refere ás relações entre o melhor regime e a história.
  • ·         Protágoras – Trata do conceito e natureza da virtude:
Nesse diálogo, Protágoras defende que não há essência, só aparência, não há verdade absoluta, já que todo o conhecimento é pessoal e particular e é criticado por Sócrates, que não aceita a não-existência de uma essência de algum modo permanente nas coisas, nem a verdade, como sendo a opinião de cada um. Segundo as coisas lhe pareçam.
  • ·         Sofista – Diálogo de caráter ontológico que discute o problema de imagem, do falso e do não-ser
  • ·         Timeu – Tratado teórico que enfoca a origem do universo por meio de especulações sobre a natureza do mundo físico.
  • ·         Mito de Er – Trata do Purgatório:
         Trata-se de um relato, transmitido oralmente, por alguém que retornou do Hades. Nesse mito, as injustiças cometidas em vida, seriam pagas pelas almas com o objetivo de  se purificarem.   O resumo da obra de Platão dizia que o poder da virtude era tal que teria repercussões para além da própria e limitada vida de um individuo, e se refletiria depois da morte. É assim que o discípulo de Platão retoma o tema da imortalidade e relata um mito, figura literária muito usada na Grécia antiga, que ficou vulgarmente conhecido como O purgatório, já que representa, para alguns interpretadores, um nível intermédio entre o Inferno e o Céu.  





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